quinta-feira, 18 de setembro de 2014

eu Poemeio, mas você Poesia 18/9

Vende-se uma casa encantada
no topo da mais alta montanha.
Tem dois amplos salões
onde você poderá oferecer banquetes
para os duendes e anões
que moram na floresta ao lado.

Tem jardineiras nas janelas,
onde convém plantar margaridas.

Tem quartos de  todas as cores
que aumentam ou diminuem
de acordo com o seu tamanho
e na garagem há vagas
para todos os seus sonhos.



Menino procura com urgência
um vale azul para morar.
Um vale onde a aurora desperte as coisas
suavemente e as manhãs
tenham gosto de jabuticaba.
Um vale onde todos andem
de mãos dadas e onde a fome seja saciada.
Um vale onde os riachos cantem
enchendo todo de azul,
inclusive o coração do menino.



Precisa-se de uma bola de cristal
que mostre um futuro grávido de paz:
que a paz brilhe no escuro
com o brilho especial que algumas
palavras possuem
mas que seja mais que palavra,
mais do que a promessa:
seja como a chuva que sacia a sede da terra.





Menino que mora num planeta
azul feito a cauda de um cometa
quer se corresponder com alguém
de outra galáxia.
Neste planeta onde o menino mora
as coisas não vão tão bem assim:
o azul está ficando desbotado
e os homens brincam de guerra.
É só apertar um botão
que o planeta Terra vai pelos ares...
Então o menino procura com urgência
alguém de outra galáxia
para trocarem selos, figurinhas
e esperanças.




Habitante de outra galáxia
aceita corresponder-se com o menino
do planeta azul.
O mundo deste habitante é todo
feito de vento e cheira a jasmim.
Não há fome nem há guerra,
e nas tardes perfumadas
as pessoas passeiam de mãos dadas
e costumam rir à toa.
Nesta galáxia ninguém faz a morte,
ela acontece naturalmente,
como o sono depois da festa.
Os habitantes não mentem
e por isso os seus olhos
 brilham como riachos.
O habitante da outra galáxia
aceita trocar selos e figurinhas
e pede ao menino
que encha os bolsos de esperanças,
e não só os bolsos, mas também as mãos,
e os cabelos, a voz, o coração
que a doença do planeta azul
ainda tem solução. 


Roseana Murray

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